15 de fev. de 2013

Como, quando e por quê? Interação laser-tecido!


Mais um pouco de física até a gente chegar à parte prática. Basicamente a luz no tecido reflete ou espalha ou é absorvida. Os efeitos clínicos se dão quando ela é absorvida pelo tecido danificado. Quando o laser entra em contato com o tecido há uma transformação da energia luminosa em térmica e química. O ‘porteiro’ do nosso corpo é o cromóforo: responsável por absorver a luz. Os fótons são absorvidos pelas bandas de vibração molecular que pertencem a uma molécula que age como cromóforo. Por exemplo, em um comprimento de onda ultravioleta as proteínas e DNA atuam como cromóforos, na faixa de luz visível a oxiemoglobina, hemoglobina e melanina são os principais cromóforos e na luz infravermelho á água e hidroxiapatita. Por isso o comprimento de onda é quesito fundamental para o tratamento, bem como o tipo de luz a ser usado.
E para aqueles que não entendiam o motivo das aulas de bioquímica, lá vai: a mitocôndria é super responsável pela ação da luz. Nela ocorre a conversão de moléculas de glicose em ATP. Estudam demonstram (quem se interessar pelos artigos é só pedir) que o laser aumenta o consumo de oxigênio, potencial de membrana e síntese de NADH e ATP, bem como a síntese de RNA e proteínas. Resumindo: “acredita-se que a terapia com laser é baseada na habilidade da luz em alterar o metabolismo celular, como resultado da sua absorção pelas mitocôndrias.”
Repito, isto é uma explicação superficial, mas que dá uma noção do que acontece na célula. Tendo esta noção da mitocôndria vamos aos radicais livres. Em poucas quantidades, eles sinalizam/estimulam o núcleo a fazer transcrição gênica. Em altas quantidades, são tóxicos, mutagênicos. Entre as principais formas reativas de radicais livres estão:  O2, H2O2, OH, oxigênio singleto e NO (óxido nitroso). Em altas quantidades dessas formas reativas, como em caso de estresse oxidativo, o laser tem atuação biológica: restabelecimento de ATP, da função respiratória da célula. Elimina o NO que está ocupando o lugar do O2 e deixa a célula trabalhar em paz. Laser não remove radical livre, simplificando a explicação, ele estimula a produção de uma enzima, que elimina o radical. Se ficou muito complexa a história do radical livre, deem uma olhada nos cremes de beleza para rejuvenescimento, todos envolvem a palavra radical livre, ou então as dietas de hoje em dia, todas baseadas em alimentos antioxidantes. Aí fica mais fácil associar radicais livres e estresse oxidativo a ação prejudicial no tecido. Se nada disso entrou na cabeça, lembrem-se de uma coisa: o laser só age onde tem LESÃO. Em células com funcionamento normal ele não tem motivo para intervir, a menos que se deseje uma analgesia antes da geração de um trauma. (próximo assunto). Por isso o dedo de quem segura o laser não sofre danos. Mas os olhos sim, a luz os prejudica quando olhamos diretamente, por isso o uso dos óculos de proteção é indispensável.
O capítulo 3 do livro que indico ao lado é perfeito para uma explicação mais profunda desse post. Para o próximo, o motivo pelo qual damos ao laser as propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e de reparo tecidual. Será que já podemos lançar a campanha XÔ, PARACETAMOL? Em breve, respostas. J


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