25 de mar. de 2013

Clareamento a Laser: herói ou vilão?

Buenas, o assunto é polêmico e está na moda. Acontece que o escurecimento dos dentes é natural, envelhecimento, café, chimarrão, vinho, corantes, cigarro, e muitas outras coisas podem ajudar a escurecer o dente. Então, o clareamento dental entrou em cena. Vejam bem, o termo não é branqueamento. A intenção não é deixar dentes BRANCOS como uma folha de papel, mas atenuar a cor natural de cada dente. É limpar as impurezas citadas acima, e não mudar para branco-tecla-de-piano. Então já adianto o que escreveria lá no final: é um TRATAMENTO odontológico, faz parte de um diagnóstico do cirurgião-dentista, tem vários métodos e indicações e contra-indicações. Comprar na farmácia, por conta própria, os milagres da Gisele Bundchen é tiro no pé, e quando der errado, queimar e machucar a gengiva, não clarear como na propaganda, para quem o cliente vai recorrer e pedir socorro? Para o dentista, que terá que consertar a ilusão da mídia. Então, queridos leitores, clareamento só com supervisão de um PROFISSIONAL. Outra polêmica são os cremes dentais e enxaguantes bucal para clareamento. Eles têm concentração baixíssima do gel, então não é difícil deduzir que servem como auxiliar na manutenção de um clareamento. E não como opção de tratamento.
Bem, basicamente existem dois tipos de clareamento. Um que a gente chama de caseiro, que envolve a colaboração do paciente em aplicar o gel em uma moldeira e usar em casa por um período de tempo. A indicação deste não é o meu assunto. É um método historicamente importante, que funciona sim, mas há desvantagens, como um tratamento além do necessário, já que o paciente pode ter acesso ao gel em lojas específicas, deglutição do gel, um controle impreciso da área clareada, que também fica sob domínio do paciente...
O outro método é o de consultório, que é executado exclusivamente pelo dentista com o auxílio de LUZ! De novo a luz, que serve como catalisador/acelerador da reação do clareamento. É usado para isto um diodo emissor de luz, ou LED. Perceberam que não falei do nosso laser ainda. Há uma grande confusão midiática nisso tudo. Não são todas as luzes que são lasers. O laser de baixa potencia não clareia. O LED acelera a reação do clareamento. E a confusão está estabelecida. Porém, há aparelhos no mercado que a ponteira para clareamento vem com a luz LED mais a luz infravermelha do laser! Mas o que o infravermelho faz metido nessa história? A grande diferença do clareamento de consultório: TRATAMENTO DA SENSIBILIDADE PÓS-CLAREAMENTO! Inclusive com aplicação preventiva do laser. Há também o uso do laser vermelho para analgesia individual de cada dente. Aplicação da luz no dente que está sensível. Outro uso também é para aquelas áreas de gengiva que acabam atingidas pelo gel concentrado, durante o tratamento (aumento da circulação local prevenindo uma necrose profunda dos tecidos). Como os leitores do blog variam entre profissionais e pacientes leigos na teoria eu optei por não entrar em detalhes da reação do clareamento e de como e por que ocorre a sensibilidade. Se houver interesse num próximo post eu descrevo.
Que fique claro que os dois métodos funcionam, fica a critério do cirurgião-dentista indicar um ou outro. E do paciente aceitar também. Em termos de estabilidade os dois métodos são muito parecidos. E tem dentistas que costumam associar as técnicas. E tem também a individualidade do paciente. Fumantes, enólogos, dentes com tratamento de canal, jovens, adultos, TUDO tem que ser avaliado para que se indique o melhor tratamento clareador.
Normalmente o valor do clareamento ‘a laser ‘ é superior ao da moldeira, porém o tempo de tratamento é menor. Como explicar ao paciente: você pode ir à Bahia de avião ou de ônibus, o destino é o mesmo, a viagem é a diferença. Quem optar por avião paga mais, mas chega antes. (Excluam o caos aéreo brasileiro).
O caso clínico de hoje é de um paciente jovem, que fez uso de aparelho ortodôntico, não fumante e que não tinha passado por nenhum processo de clareamento. Foi necessária apenas uma sessão, que durou cerca de 40 minutos.

Antes do clareamento


Pós-clareamento
                             
O assunto é longo, inesgotável e certamente terá mais post sobre.
Fiquem de olho :)

18 de mar. de 2013

Dor na ATM? Laser nela..


Dificuldade para abrir a boca? A mandíbula trava? Ouve barulhos quando abre a boca? Tem dor nos músculos da face? Acorda com dor na bochecha? Pois bem, você pode estar com uma DTM! Disfunção temporomandibular. Algum processo patológico que envolve a articulação temporomandibular, os músculos da mastigação ou ambos.
A dor, causada pela DTM, é o sintoma mais limitante desta doença. Pacientes relatam decadência da qualidade de vida em função desta dor. Aí está umas das indicações da laserterapia para tratamento analgésico: controle da produção de prostaglandina, redução de edema, modulação do metabolismo celular e aceleração do reparo tecidual.
O que ocorre com a atividade muscular na região é um círculo vicioso. Acontece que se tem uma dor (inflamação), que estimula uma excitação do sistema nervoso central, que automaticamente faz o músculo ter uma contração protetora que por sua vez causa dor miofacial, que dói e excita o sistema nervoso, que contrai... Agindo com o laser de baixa potência para analgesia se rompe este esquema.
Atualmente, o método mais conservador e tradicional para tratamento de DTMs é a placa oclusal. O problema é que além da dor, muitos pacientes com DTM tem restrição na abertura da boca, o que dificulta o uso da plaquinha. Então usamos o laser para relaxamento muscular, alívio da dor e do desconforto e consequente aumento da abertura bucal.
Como o laser tem ação na dor, efeito anti-inflamatório e relaxamento muscular não é indicado como tratamento da causa da disfunção, que pode ser por mil outros motivos entre eles mordida errada, estresse, doenças como artrite... Então, é bom esclarecer que a laserterapia entra no pacote contra a DTM, que pode incluir até cirurgia, em casos específicos, tratamento com fonoaudiólogo, terapias etc.
Até a próxima J


Lá está a ATM!

11 de mar. de 2013

Tecido nervoso: PARALISIA FACIAL.

Então começaremos a direcionar o uso do laser, agora que já se tem o conhecimento de como ele funciona é só acompanhar as indicações. Escolhi começar com a paralisia facial porque foi um dos resultados mais incríveis que presenciei. Pois bem, a paralisia facial acomete o nervo facial, interrompendo a condução nervosa, e causando paralisia dos músculos da mímica do rosto, além de alterações de paladar, redução de saliva e lágrima. Vários podem ser os agentes causadores da paralisia deste nervo: trauma, neoplasia, infecções como varicela-zoster e HSV (vírus herpes). Quando se suspeita que o paciente esteja com paralisia deve-se ter o diagnóstico do neurologista, para que o médico defina se a paralisia é central, (e aí não adianta irradiar o caminho do nervo) ou periférica. Com o diagnóstico médico em mãos, podemos iniciar o tratamento de laser de baixa potência para regeneração nervosa, e também instruir o paciente para que se desenvolva um tratamento multidisciplinar, que inclui fisioterapeuta, médico, e cirurgião-dentista. O caso clínico que me referi anteriormente é de uma paciente que frequenta a clínica de laserterapia da Faculdade São Leopoldo Mandic, de Campinas, para tratamento de paralisia facial. Histórico da doença: paralisia pós-cirurgia de remoção de neurinoma do acústico, em 2005.
No dia em que eu atendi a Dona Marisa, pela primeira vez, ela estava na terceira sessão de laser, com indicação de uma vez por semana. Voltei a atendê-la dois meses depois, e ela continuava em tratamento. Neste período mantive contato com a paciente e os relatos sempre foram positivos, de melhora na sensibilidade e motricidade na região de olho (olho pisca), nariz (coceira) e lábios (como se estivesse voltando de uma anestesia). Não tive mais notícias sobre a evolução do caso, mas pela motivação da paciente e as ações do laser, certamente será um prognóstico de grande sucesso!!! O protocolo foi em todo o trajeto do nervo, região do olho, ao redor da boca, base da orelha e em uma cicatriz do lado oposto da paralisia.
As fotos são de setembro e novembro, respectivamente, e o vídeo é de novembro, filmado pela professora do curso: Doutora Daiane Thaís Meneguzzo.






Até a próxima! :)






4 de mar. de 2013

Reparo e cicatrização + caso clínico.


O post de hoje será sobre uma das mais antigas e concretas indicações do laser de baixa potência: o reparo tecidual. Tendo em vista todos os mecanismos de ação do laser nas células, o tecido restabelece a homeostase, o equilíbrio, a normalidade, levando, então, a sua reparação. Trocando em miúdos, quando o tecido está com energia ele tem força para se recuperar. Lá vem a sabedoria de vó dizendo que o corpo doente precisa de comida, precisa de energia!
O processo de cicatrização sofre influência de fatores que prejudicam o processo, por exemplo, diabetes. Para o cirurgião-dentista, atender um diabético não controlado é alerta puro, pois as feridas podem demorar muito para cicatrizar, e ficam expostas aos micro-organismos e traumas externos.
O laser atua na inflamação, e o reparo é a fase final da mesma. Nesta fase, a ideia é construir um novo tecido para substituir o que foi perdido, e para isso existem etapas a serem seguidas: granulação (proliferação de fibroblastos e secreção de colágeno, que formam a base do novo tecido), contração (fechamento de toda a área da lesão por tecido de granulação), e epitelização (formação da borda da lesão). Dependendo do quão rápido o tecido precisa ser reposto, forma-se a cicatriz do tecido, que tem 70% de resistência do tecido original, cor diferente, e é acelular e avascular. Isto porque tem casos que não se pode deixar a área exposta até que o organismo se organize para repor o tecido exatamente igual ao perdido, aí os responsáveis por fechar a ferida trabalham tão rápido que deixam a cicatriz.
A odontologia tem interesse enorme na aceleração de reparo e cicatrização: feridas cirúrgicas, incisão gengival, aftas, mucosite, injúria de ATM, acelerar regeneração de tecido nervoso lesionado, pós-implante..
A aceleração do reparo pelo laser se dá em diferentes tecidos de diferentes maneiras (copiado do livro referido ao lado):
1.    Tecido nervoso: modulação de mediadores inflamatórios, maturação e regeneração, modulação do potencial de membrana;
2.    Tecido muscular: remodelamento de colágeno, modulação na expressão de citocinas, proliferação de células satélites;
3.    Tecido ósseo: diferenciação em osteoblastos, aumento da atividade osteoblástica, maior síntese de fibras colágenas.
Enfim, não há dúvidas da eficácia do laser em cicatrização tecidual, quem usa uma vez e vê o resultado não fica mais sem.

Para ilustrar o post, um caso clínico de um primo, na fase de cair de bicicleta, cair do muro, ralar joelho e deixar a tia de cabelos em pé. O caso foi que ele caiu, cortou a canela e foi para o posto. Lá medicaram, mas deu processo alérgico ao medicamento, e foi internado. Por isso, chegou até mim com pus na região e alguns dias depois do acidente. O protocolo foi de 4 dias de laserterapia, com luz vermelha apenas, e pontos ao redor da lesão. Infelizmente, por motivos de força maior, não tenho a foto final, apenas a inicial e de dois dias seguintes. Ahh e desculpas pelas qualidades das fotos, ainda estou aprendendo essa história de fotografia.
Tenho outro caso, de ferida de diabético, com meses de exposição. Mas é cena para os próximos capítulos. J

Primeiro dia de laser
Segundo dia de laser


                                      
Último dia de fotos.