26 de fev. de 2013

Caso clínico - Hematoma

Nada como um caso clínico para ilustrar os post. Paciente J.C., masculino, 42 anos. O típico caso de atleta de fim de semana. Futebol inofensivo no domingo e lesão profunda na segunda. Extravasamento e acúmulo de sangue, o famoso hematoma. Tendo em vista o que já foi dito aqui, o laser aumenta a circulação local, acelera os mecanismos de reparo e cicatrização. Além da analgesia local. A seguir, a evolução do caso. 
Primeiro dia do tratamento com laserterapia.


Terceiro dia de tratamento


Última sessão
Em breve mais casos!

Turma do laser no combate a inflamação!


Agressão gera resposta de defesa: inflamação, que tem por objetivos isolar um agente agressor, minimizar o dano causado por ele, e o reparo do dano. Essa agressão pode ser por bactérias, fungos, radiação, trauma, queimaduras e distúrbios do próprio sistema imunológico. Para que a resposta inflamatória aconteça é preciso de um tecido vascularizado, se não houver sangue, as celular inflamatórias não chegam ao local da lesão ( um dos motivos pelo qual é importante manter o coágulo de sangue quando há extração dentária ;) ). E para aumentar o número de células inflamatórias, a inflamação ocasiona um aumento no calibre dos vasos sanguíneos. Com isso surge um exército que combate o agressor. Cada ‘soldado’ é responsável por um momento do processo de cura. Exemplos: neutrófilos, monócitos, macrófagos, leucócitos etc... Conclui-se que quanto mais o vaso sanguíneo dilata, mais células de defesa chegam para resolver a lesão. Mas nem tudo são flores. Existem soldados responsáveis por causar a dor que a gente sente quando estamos com inflamação. Claro, é preciso que doa para que o corpo tome uma atitude em relação ao dano. Esses ‘advogados do diabo’ são as prostaglandinas, bradicinas etc.. Quando tomamos analgésicos é para inibir esses mediadores, e consequentemente a dor. Dizemos que a inflamação tem características peculiares: dor, vermelhidão, calor, perda da função da área lesionada e edema (inchaço). A terapia com o laser para inflamação é baseada em mecanismos como: aumento do número e calibre de vasos sanguíneos locais, aumento da microcirculação local, inibição de mediadores inflamatórios da dor, ativação das células de defesa, aceleração da cicatrização. Então, o laser age justamente nos sinais de inflamação, sem, no entanto, a utilização de medicamentos anti-inflamatórios, que comprovadamente provocam efeitos colaterais, tais como úlceras gástricas, sangramento, problema de fígado e coração.
Os linfonodos são locais que abrigam as células imunológicas, de defesa. Quando irradiados pela luz laser previamente a indução de uma lesão, podem agir como prevenção da inflamação. Podemos dizer que a luz dá um UP nas células de defesa, coloca energia e as prepara para uma futura lesão.
Em odontologia, o uso do laser pode ser aplicado em redução de edema, tratamento de ATM de cunho inflamatório, mucosite, estomatite e controle de infecção periodontal, associado a raspagem e alisamento (só desinflama se o agressor é removido). E em laserterapia, o uso da luz para inflamação é bastante útil, há resultados efetivos em atletas de fim de semana, bursite, artrite, epicondilite, sinusite e acne (sim, espinha é inflamação. As ITES que se cuidem. Estamos de olho nelas, inclusive na tal da celulite! J Até a próxima.

18 de fev. de 2013

Turma do laser no combate a dor.

Todo mundo já sentiu dor. De dente, de cabeça, de amor, de barriga. E todo mundo concorda que não é bom. Mas necessário. A dor é o jeitinho que o corpo encontrou de avisar que tem alguma coisa de errado acontecendo. A dor trava nosso dia, nossa rotina. E a bem da verdade é que a gente só dá valor para a saúde quando estamos doente. 
Revisão básica do mecanismo da dor: dói porque existe uma percepção de dor pelo sistema nervoso, num processo que envolve um dano tecidual, ativação de terminais sinápticos, ação de mediadores químicos (prostaglandinas, leucotrienos, histamina etc), sensibilização do SN e uma resposta.
O fato é que o mecanismo de ação do laser na analgesia ainda não é único. A literatura sugere que não há um mecanismo único para ação do laser no processo de analgesia. Vários são os processos de atuação da radiação sobre a dor, mas todos agem em algum momento da condução do impulso nervoso.
Simunovic enumerou alguns mecanismos capazes de explicar os efeitos analgésicos: aumento do fluxo linfático e redução de edema, aumento de ATP promovendo relaxamento muscular, aumento dos níveis de betaendorfina, aumento da microcirculação sanguínea local e de oxigênio, acelerando a retirada de catabólitos dos tecidos, entre outros.
Bradley também enumerou alguns mecanismos que explicam o efeito da luz infravermelha como sendo mais eficaz para analgesia: ação direta sobre fibras amielínicas, ação específica no tronco nervoso, alterando concentração de Na/K nos tecidos nervosos, aumento do fluxo sanguíneo, eliminando toxinas nos tecidos, efeito placebo, etc...
O laser não é capaz de gerar anestesia no tecido, pois a luz laser pode ser mais efetiva sobre fibras de condução lenta, promovendo analgesia, e não anestesia.
O uso da terapia com laser de forma preventiva também não segue um mecanismo 100% elucidado. Centenas de autores sugerem o benefício da aplicação do laser como efeito antiálgico, e muitos concordam que o efeito esteja ligado a redução da condução do impulso nervoso. Para a odontologia, esse efeito é diferencial para o profissional, é de fácil aplicação e sem efeitos colaterais. Por exemplo, na aplicação da luz antes de punção anestésica, após cirurgias para evitar dor e edema, quadros de prevenção de herpes e mucosite oral, entre outros mil.
O efeito analgésico do laser é tão evidente que a Organização Mundial da Saúde incluiu a terapia de laser de baixa potência como recomendada para tratamento de dor crônica na região cervical.
Não fica difícil concluir a ideia que o uso do laser como analgésico diminui o uso de medicamento e todos os efeitos colaterais que eles causam ao nosso organismo. Esta vantagem é o carro chefe da divulgação do laser, e uma maneira bem simples de explicar ao paciente a introdução desta tecnologia na prática diária. Só tem uma dor que o laser não é capaz de curar: a de amor. Até a próxima. J
O quanto de remédio você é feito?

15 de fev. de 2013

Como, quando e por quê? Interação laser-tecido!


Mais um pouco de física até a gente chegar à parte prática. Basicamente a luz no tecido reflete ou espalha ou é absorvida. Os efeitos clínicos se dão quando ela é absorvida pelo tecido danificado. Quando o laser entra em contato com o tecido há uma transformação da energia luminosa em térmica e química. O ‘porteiro’ do nosso corpo é o cromóforo: responsável por absorver a luz. Os fótons são absorvidos pelas bandas de vibração molecular que pertencem a uma molécula que age como cromóforo. Por exemplo, em um comprimento de onda ultravioleta as proteínas e DNA atuam como cromóforos, na faixa de luz visível a oxiemoglobina, hemoglobina e melanina são os principais cromóforos e na luz infravermelho á água e hidroxiapatita. Por isso o comprimento de onda é quesito fundamental para o tratamento, bem como o tipo de luz a ser usado.
E para aqueles que não entendiam o motivo das aulas de bioquímica, lá vai: a mitocôndria é super responsável pela ação da luz. Nela ocorre a conversão de moléculas de glicose em ATP. Estudam demonstram (quem se interessar pelos artigos é só pedir) que o laser aumenta o consumo de oxigênio, potencial de membrana e síntese de NADH e ATP, bem como a síntese de RNA e proteínas. Resumindo: “acredita-se que a terapia com laser é baseada na habilidade da luz em alterar o metabolismo celular, como resultado da sua absorção pelas mitocôndrias.”
Repito, isto é uma explicação superficial, mas que dá uma noção do que acontece na célula. Tendo esta noção da mitocôndria vamos aos radicais livres. Em poucas quantidades, eles sinalizam/estimulam o núcleo a fazer transcrição gênica. Em altas quantidades, são tóxicos, mutagênicos. Entre as principais formas reativas de radicais livres estão:  O2, H2O2, OH, oxigênio singleto e NO (óxido nitroso). Em altas quantidades dessas formas reativas, como em caso de estresse oxidativo, o laser tem atuação biológica: restabelecimento de ATP, da função respiratória da célula. Elimina o NO que está ocupando o lugar do O2 e deixa a célula trabalhar em paz. Laser não remove radical livre, simplificando a explicação, ele estimula a produção de uma enzima, que elimina o radical. Se ficou muito complexa a história do radical livre, deem uma olhada nos cremes de beleza para rejuvenescimento, todos envolvem a palavra radical livre, ou então as dietas de hoje em dia, todas baseadas em alimentos antioxidantes. Aí fica mais fácil associar radicais livres e estresse oxidativo a ação prejudicial no tecido. Se nada disso entrou na cabeça, lembrem-se de uma coisa: o laser só age onde tem LESÃO. Em células com funcionamento normal ele não tem motivo para intervir, a menos que se deseje uma analgesia antes da geração de um trauma. (próximo assunto). Por isso o dedo de quem segura o laser não sofre danos. Mas os olhos sim, a luz os prejudica quando olhamos diretamente, por isso o uso dos óculos de proteção é indispensável.
O capítulo 3 do livro que indico ao lado é perfeito para uma explicação mais profunda desse post. Para o próximo, o motivo pelo qual damos ao laser as propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e de reparo tecidual. Será que já podemos lançar a campanha XÔ, PARACETAMOL? Em breve, respostas. J


14 de fev. de 2013

Prazer, laser!

Os nascidos antes da década de 90 devem lembrar como era ir ao mercado no auge da inflação: um funcionário só para passar aquela máquina de mão nos produtos, indicando o aumento de preço. Até que o código de barra salvou as costas desses funcionários. Laser! Nunca se perguntou como se faz a medição de longas distâncias tipo Terra e Lua? Laser! Os bons e velhos CDs e DVDs? Laser!
Laser é luz. Dispositivo que produz um feixe de radiação eletromagnética. É luz quando nossos olhos conseguem enxergar a onda. Pacotinhos de energia (fótons) que estão sendo emitidos de um ponto a outro. E pelas aulas de física do cursinho fica fácil lembrar que o fóton não carrega massa, não anda em linha reta, carrega energia e anda em onda, com crista e vale. É o comprimento da onda que dá a característica da radiação eletromagnética. É óbvio que a explicação é muito profunda, física e com fórmulas, mas a minha intenção não é dar aula de laser, é só para situar os leitores.
Muita gente pergunta se o laser não faz mal, causa câncer ou faz cair um braço. Não. A radiação que faz mal é a que quebra ligação química, e a energia para isto é +- 3,5 a 20V. O laser de baixa infravermelho tem 1,57V. Então, nosso paciente pode ficar tranquilo. Aliás, um queimado de sol certamente é mais nocivo que a luz laser. Seguindo a lógica o sol também é um emissor de energia de um ponto a outro.
Aí ouvimos que a luz LED derruba um avião, luz branca é bom para certo ambiente, a luz laser é para fazer espada de luz...mas afinal de contas, qual a diferença das luzes? Resumindo:
- luz branca: policromática, divergente;
- luz led: monocromática, divergente (basta lembrar do desfile de carnaval, as luzes dos carros alegóricos são luz led, de várias cores);
- luz laser: monocromática, coerente e convergente.
Tá, mas e daí? E daí que essas características do laser é que explicam a ação da luz nos tecidos, e como consequência da interação temos os benefícios: pró-inflamatório, acelera o reparo, ação analgésica, ação anti-edematosa, acelera a cicatrização tecidual. Curioso como tudo isso é possível? Tema para o próximo post.
Porta-Bandeira Carnaval 2013. E a fantasia a la LED.

13 de fev. de 2013

Iniciando um blog..

Olá,
Criar um blog não foi tarefa fácil para uma 'analfabyte'. Confesso que foi de doer a cabeça organizar todas essas informações, mas com o tempo vou deixando o blog com cara de blog. Até lá, espero que vocês perdoem a inexperiência. O objetivo disto tudo é mostrar aos interessados e curiosos um pouco sobre o laser. O que é, o que faz, como faz, por que faz, onde faz. Por que não vivemos mais sem o laser e por que ainda se tem muito para descobrir sobre a luz. Como o laser pode ser útil em todas as áreas da Odontologia e como a energia trabalha para ajudar o nosso organismo. Enfim, espero que tenham uma boa leitura e qualquer dúvida, só comentar! :)