5 de abr. de 2013

Exército contra o câncer: QUIMIO E RADIOTERAPIA


Continuando o post anterior, o assunto de hoje é o tratamento oncológico. Então, o tumor é feito de vários clones de célula. O câncer começa com uma célula primariamente normal, do próprio corpo. A célula normal vira célula tumoral por mutação, na hora de duplicar o DNA há falha. Em sua maioria não é contagioso, mas há alguns vírus oncogênicos que podem ser transmitidos, ex: HPV, no câncer de colo de útero. O próprio DNA tem genes que fazem o reparo do erro de duplicação. Os casos hereditários de câncer não correspondem a 10% dos casos. Todo câncer é genético (envolve genes), mas nem todos são hereditários. 90% dos tumores são associados a exposição de carcinógenos, principalmente: ALCOOL, TABACO, SOL. Esses carcionógenos não causam câncer imediato, demora 10, 20 anos de exposição para a manifestação. Cada 1 cm de tumor tem UM BILHÃO de células tumorais, por isso é tão difícil o tratamento, tem que atingir vários tipos de células metastáticas.
PARÊNTESES: Como o blog é meu, vou deixar uma opinião muitíssimo pessoal a respeito do tabaco, que associado ao álcool, é o ator principal do câncer de boca, garganta, pulmão... é muito triste os jovens de hoje, com tanta informação concreta e verídica, agirem de forma irônica e infantil a respeito do cigarro. É comum ouvir: “aaah mas meu avô fumou a vida inteira, desde os 12 anos e nunca teve nada.. “ OK, vamos pensar naquela época, 50, 60 anos atrás: alimentação era da horta de casa, nada de enlatados, embutidos, microondas e fast-foods carregados de radicais livres prejudicando o organismo. O cigarro não era industrializado e propositalmente cheio de atrativos viciantes. Nossos avós trabalhavam na roça, era atividade física intensa e não passavam horas na frente do vídeo-game comendo salgadinho. O álcool não era banalizado como hoje. Ou seja, não tem como transportar a vida que nossos avós fumantes levavam, com a de um jovem de 20 anos de hoje. E nem vou tocar no assunto álcool, porque daria mais páginas de indignação. Infelizmente as consequências vêm e são imperdoáveis. FECHA PARÊNTESES.
Para tratamento do câncer, são utilizadas duas modalidades: quimioterapia e radioterapia:
1.    Radioterapia (RT): radiação nas células tumorais. Age na quebra do DNA. Quanto mais célula estiver duplicando o DNA, mais a RT vai atuar. Raio gama atinge o código genético da célula maligna. É uma ação local, cumulativa. Fica fazendo efeito até 30 dias, e provavelmente piora, pelo acúmulo de dose de radiação.
2.    Quimioterapia (QT): age na síntese de DNA. Usa fármacos para combater. Tem afinidade por células que se multiplicam muito rápido (tumoral, cabelo, unha..) e por células da medula óssea.
Dependendo do tipo, localização, intensidade, tempo de tumor é planejada um tipo de terapia. E claro, elas são implacáveis e cheias de efeitos colaterais.
Ø  MUCOSITE: inflamação na mucosa. Manifesta-se como uma afta profunda, e tem toda a limitação de ingerir alimentos, líquidos, fala, dor... acontece em 100% dos pacientes que fazem RT, 40% que fazem QM e 100% nos RT e QT.
Ø  NEUROTOXICIDADE: agressão da RT e QT que faz doer o corpo todo.
Ø  OTOTOXICIDADE: problemas de ouvido, edema, fibrose, vasculite, zumbido, perda audiditva.
Ø  TRISMO: limitação de abertura de boca, higienização e alimentação.
Ø RADIODERMATITE: problemas de pele na região irradiada, edema, descamações, úlceras, hemorragia, necrose.
Ø  OSTEONECROSE: dor, edema, parestesia, fístula, mobilidade dental.

A QT tende a ser mais cruel quando se trata de efeitos colaterais:
- 0 a 3 dias: náusea, vômito, dor articular;
- 7 a 21 dias: cistite, mucosite, imunossupressão;
- meses: pigmentação, pneumonia, neurotoxicidade;
- ultra-tardio: infertilidade, distúrbio do crescimento, mutagênese.
Metotrexati e fluoracil são medicamentos que certamente darão mucosite. São bastante estomatotóxicos: tóxicos para cavidade bucal. Muitos são secretados pela saliva, piorando esta toxicidade e afetando as glândulas que secretam saliva, causando XEROSTOMIA (assunto para depois). Além da fraqueza, enjoo, vômito, que acontece no dia da administração do medicamente, tem efeitos como queda de cabelo, alterações intestinais (diarreia ou prisão de ventre), soluço, unhas manchadas, câimbra, neuropatia na ponta dos dedos...

Depois de ler tudo isso é inconcebível deixar para o médico oncologista cuidar sozinho do paciente. Reforço o apoio multidisciplinar para o tratamento oncológico. E depois de explicar, humildemente, as consequências da radio e quimioterapia vem uma boa notícia: a laserterapia é um auxiliar importante em quase todos os efeitos colaterais, melhorando a qualidade de vida do paciente. Mas isso é para a outra semana! J



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